A empresa Dentflex, sediada em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, lança dispositivo inovador que pode aumentar o número de tratamentos endodônticos realizados no serviço público (em especial nos CEO), diminuir a fila e o tempo de espera dos pacientes e, consequentemente, o número de extrações de dentes.
A análise de dados do Ministério da Saúde, quanto à Produção Ambulatorial do SUS, entre 2015 e 2018, e os dados do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade dos CEO (PMAQ-CEO) mostram que pacientes que necessitam de tratamento endodôntico no serviço público, esperam, em média, 3 (três) meses para serem atendidos e normalmente os profissionais realizam 4 (quatro) sessões clínicas para a conclusão do tratamento nos CEO.
O tratamento endodôntico tem como objetivo tratar dentes que apresentam quadros de patologias pulpares irreversíveis ou necrose pulpar com ou sem periodontite perirradicular envolvida. Geralmente, a cárie é a principal causadora dessas patologias, sendo esta associada ao sintoma de dor. Entretanto, nos casos em que a cárie avança, a dor torna-se aguda e o tratamento endodôntico passa a ser indicado. Quando a terapia endodôntica é adiada ou não realizada, a dor pode tornar-se ainda mais intensa, fazendo da exodontia a única alternativa viável para pacientes que dependem do serviço público de saúde.
Entre os fatores que podem interferir no tempo de espera para o atendimento nos CEO e o número de sessões clínicas para a conclusão do tratamento de canal, ressalta-se, além da carência de profissionais e da ausência de programas de capacitação para esses servidores, a necessidade de investimento em equipamentos e materiais que otimizem a terapia. Técnicas mecanizadas rotatórias de preparo, com uso de instrumentos de níquel-titânio (NiTi), são as mais utilizadas nos consultórios e clínicas particulares por apresentarem maior flexibilidade, melhor desempenho, prognóstico mais previsível e redução da duração do tratamento. Porém, apesar das vantagens dos instrumentos de NiTi quando comparados aos de aço inoxidável, segundo dados do PMAQ-CEO (2014), apenas 24% dos CEO no Brasil possuem instrumentos rotatórios disponíveis para os profissionais. Esse baixo percentual deve-se ao fato da necessidade de aquisição de motores endodônticos para o acionamento dos instrumentos de NiTi e o custo financeiro para a implementação dessa tecnologia em todos os CEO.
Durante o 38º Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo – CIOSP, o maior evento de expositores de produtos do segmento da América Latina, que está ocorrendo do dia 29 de janeiro a 01 de fevereiro, a empresa de equipamentos odontológicos Dentflex apresentará um dispositivo inovador, chamado “ED File Adapter” que pretende mudar a realidade do tratamento endodôntico no serviço público brasileiro. A abreviatura “ED” do nome do dispositivo deriva de duas palavras “Engine Driven”, que significam “acionados por motor”, ou seja, a tradução livre do inglês para o português resulta em “adaptador de instrumento (lima) endodôntico acionado por motor”. Esse cabo adaptador endodôntico permite que instrumentos de NiTi, até então, acionadas apenas por motores endodônticos, possam ser também acionados manualmente pelo profissional, com uma redução de até 90% do investimento necessário na aquisição de motores tradicionais, isto é, tornando sua implementação menos onerosa para os gestores de saúde e, ainda, com a promessa de oferecer a mesma qualidade do tratamento para os pacientes.
Ao citar o impacto dessa inovação para o atendimento da população que depende do serviço público de saúde, o Prof. Jacy Carvalho Jr., professor do Departamento de Odontologia da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB, em Brasília, quem participou do desenvolvimento do novo dispositivo, destacou: “Como a Endodontia é a especialidade da Odontologia com maior demanda nos CEO do Brasil e é a que tem a missão de salvar dentes humanos, viabilizar mecanismos inovadores, que possibilitem a diminuição das filas de atendimentos odontológicos no SUS, sem pesar tanto no orçamento público e com a mesma qualidade do tratamento, permitirá que os profissionais que atuam nos CEO de todo o Brasil, consigam evitar que mais pessoas passem pela experiência desagradável de ter um dente extraído, sem contar com o custo que seria para o SUS reabilitar proteticamente esses pacientes.”